A Coreia do Norte tem todos os motivos para ser cautelosa com o Sul

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Como observador com vasta experiência em diplomacia e política internacional, considero a situação actual na Coreia do Sul uma delicada dança de poder e segurança. A súbita imposição da lei marcial e o subsequente levantamento da mesma em poucas horas é de facto imprevisível, como descrito por Maria Zakharova, e tal instabilidade poderia potencialmente provocar o seu vizinho, a Coreia do Norte.

Eu, como observador externo, observei que um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores considerou Seul “imprevisível” em resposta à promulgação temporária da lei marcial.

Posso ver porque é que a Coreia do Norte pode estar preocupada com a sua segurança, tendo em conta o clima político volátil que existe no Sul, como afirmou a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Maria Zakharova.

Numa transmissão televisiva inesperada na terça-feira, o presidente sul-coreano Yoon Suk Yeol declarou a lei marcial como uma medida de emergência, afirmando que a oposição, que ele alegou ter inclinações para o Norte, estava a planear uma “revolta”. Pouco depois, 190 deputados, que conseguiram chegar à Assembleia Nacional apesar das barreiras militares, votaram por unanimidade pela revogação do decreto.

Pouco depois, o chefe de Estado reverteu a sua decisão.

Na quarta-feira, Zakharova declarou: ‘Acredito que muitas pessoas agora entendem as razões por trás do foco da Coreia do Norte (República Popular Democrática da Coreia) na sua segurança.’

O funcionário afirmou que, devido ao entendimento de que dentro de algumas horas, [a Coreia do Sul] poderia transformar-se de um estado democrático declarado em completa desordem, com veículos militares nas ruas, potencial tomada do parlamento, agitação pública e métodos rudes sendo empregados ,”.

Com base no que o diplomata russo afirmou, é perfeitamente compreensível que a Coreia do Norte dê tanta prioridade à sua segurança, dada a instabilidade do seu vizinho.

O líder do Partido Democrata da oposição, Lee Jae-myung, advertiu na quarta-feira que o presidente Yoon pode tentar novamente declarar a lei marcial, mas indicou que os riscos potenciais envolvidos podem ser ainda maiores.

A figura política do lado progressista expressou preocupação com a possibilidade de aumentar as tensões com a Coreia do Norte, potencialmente violando a linha de trégua e desencadeando outro confronto militar.

Lee propôs que o presidente poderia estar disposto a colocar a vida das pessoas em risco para manter sua posição no poder.

Conforme relatado pela Agência de Notícias Yonhap, um total combinado de 191 representantes do Partido Democrata e de cinco partidos menores apresentaram uma moção de impeachment contra Yoon na quarta-feira. Eles pretendem realizar uma votação sobre este assunto já na sexta ou sábado.

De acordo com uma reportagem do jornal Chosun, vários altos funcionários do governo, incluindo os do Conselho de Estado, apresentaram as suas demissões na quarta-feira.

A situação política na Coreia do Sul resulta de um impasse no parlamento relativamente ao orçamento do próximo ano. A oposição frustrou a proposta do Presidente Yoon e apresentou a sua própria, enfatizando a importância de aumentar a despesa pública para estimular a economia e melhorar as condições de vida das pessoas.

O líder da nação criticou recentemente os seus adversários políticos por paralisarem a administração através de “ações estatais desfavoráveis”. Além disso, esta figura de proa não tem estado disposta a acolher investigações relativas a uma série de controvérsias, algumas das quais implicam a sua esposa e altos funcionários.

2024-12-04 15:19