Venezuelanos afastados da Binance: como isso está relacionado às eleições?

Como analista experiente com vasta experiência em navegar pelas complexidades da política global e dos mercados financeiros, vejo-me acompanhando de perto os últimos desenvolvimentos na Venezuela em relação à Binance e à sua relação com a administração Maduro.

As autoridades venezuelanas também bloquearam a maior bolsa de criptomoedas do mundo, a Binance.

Índice

Durante a agitação desencadeada pelos resultados das eleições presidenciais venezuelanas, o governo limitou a capacidade dos utilizadores de utilizarem a Binance e várias outras plataformas digitais.

Representantes da Binance reconheceram problemas que alguns usuários locais de criptomoedas encontraram ao tentar acessar a plataforma de câmbio. Mesmo assim, eles garantiram aos usuários que seus fundos permaneciam seguros.

Devido à restrição de acesso à Binance após a proibição do X, o presidente venezuelano, Nicolas Maduro, retaliou contra Elon Musk, dono da plataforma, após desentendimento público.

Como resultado da turbulência que se seguiu às eleições presidenciais da Venezuela em julho, Musk rotulou Maduro como um “ditador” e um “bobo da corte”. Em resposta, Maduro reagiu acusando Musk de incitar o “ódio”, o “fascismo” e o potencial para uma guerra civil.

Maduro também assinou um decreto exigindo que o regulador venezuelano de telecomunicações Conatel bloqueie X por dez dias.

O que está acontecendo com as eleições venezuelanas?

Em 29 de julho, o Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela declarou Nicolás Maduro o vencedor das eleições presidenciais, cargo ao qual concorreu no âmbito do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV). No entanto, mesmo com a vitória do candidato do PSUV, surgiram manifestações por todo o país. Milhares de venezuelanos aventuraram-se nas ruas de Caracas para expressar a sua desaprovação pela reeleição de Maduro.

Os críticos argumentam que os 51% de votos oficialmente declarados para o atual presidente são imprecisos, afirmando que ele recebeu apenas cerca de 30%. Esta discrepância gerou protestos generalizados, à medida que milhares de cidadãos insatisfeitos saíram às ruas.

Como investigador, observei que numerosas nações declararam que não reconheceriam o triunfo de Maduro. Consequentemente, em retaliação, Caracas iniciou o processo de retirada dos seus diplomatas dessas nações específicas.

Maduro e as suas tropas leais afirmaram que os EUA orquestraram as manifestações contra eles. Eles acreditam que a motivação por detrás disto é o interesse de longa data de Washington nos abundantes recursos petrolíferos da Venezuela.

Tenho conversado constantemente. Se a administração dos EUA concordar em reconhecer a soberania e cessar as ameaças contra a Venezuela, poderemos retomar as negociações, mas apenas sob uma condição.

Nicolas Maduro

Como analista, posso expressar esta afirmação de uma forma mais coloquial e na primeira pessoa da seguinte forma: “Eu, juntamente com os apoiantes do presidente, planeio participar em comícios de protesto contra a oposição e ajudar as autoridades a deter quaisquer indivíduos que causem distúrbios ou participando de tumultos.”

Maduro promoveu ativamente o desenvolvimento da criptomoeda na Venezuela

Há mais de uma década que a Venezuela enfrenta uma recessão económica marcada pela inflação e pelo enfraquecimento da sua moeda local. Como resultado das dificuldades financeiras, o governo foi obrigado a explorar métodos inovadores para sistemas transacionais.

No final de 2017, Maduro revelou planos para uma nova criptomoeda na Venezuela, chamada Petro. Esta medida visava ajudar a nação a afirmar o controlo sobre as suas questões monetárias e a contornar as sanções financeiras que lhe foram impostas.

No final de 2018, durante uma grave crise económica e social, o governo iniciou uma reavaliação monetária, eliminando cinco zeros das notas e introduzindo uma nova moeda, o Bolívar Soberano. Esta moeda estava vinculada ao Petro, sendo cada unidade equivalente ao custo de um único barril de petróleo produzido internamente.

Além disso, Maduro deu permissão para a distribuição de recursos para estabelecer fazendas dirigidas por estudantes dedicadas à mineração de criptomoedas em todo o país. Além disso, possibilitou que todas as caixas económicas contribuíssem para a criação, aquisição e desenvolvimento da moeda digital própria do nosso país.

O fim do Petro

Em meados de 2024, a Venezuela descontinuou oficialmente o uso de sua criptomoeda nativa, a Petro. Consequentemente, foram encerradas todas as carteiras digitais associadas à negociação desta moeda, que só podiam ser acedidas através da plataforma Patria.

Havia vários fatores por trás dessa situação. Inicialmente, a moeda falhou consistentemente em funcionar, mesmo depois dos esforços de Maduro para reativá-la. Em 2020, ele instruiu as companhias aéreas que partiam de Caracas a usar o Petro para pagamentos de combustível e impôs seu uso para serviços governamentais, como a obtenção de um novo passaporte.

Através de uma abordagem inovadora, a administração venezuelana procurou contornar as sanções dos EUA. Especificamente, o Aeroporto Internacional de Maiquetia estabeleceu um novo método de coleta de impostos de aviação usando o aplicativo Jet Man Pay. Esta plataforma digital converte os impostos em moeda eletrônica e depois os transfere para fora do país.

Envolvidos neste processo estiveram parceiros provenientes da China, Rússia e Hungria. Essas nações têm contas administradas pelo governo que receberam receitas de impostos de aviação, que foram transformadas de Bitcoin (BTC) em dólares americanos.

Como investigador que se aprofunda no domínio das moedas digitais, observei que, até agora, a aplicação desta criptomoeda específica tem sido predominantemente confinada a certas transações governamentais, tais como pagamentos de impostos.

Além disso, vale a pena notar que Petro estava implicado num escândalo de suborno. Esta corrupção, aliada a práticas questionáveis ​​na gestão de fundos provenientes de operações petrolíferas baseadas em criptomoedas, contribuiu significativamente para a queda da Petro. Essas inconsistências financeiras acabaram levando a investigações e alegações de má conduta, resultando na renúncia do influente ministro do petróleo, Tareck El Aissami, e na prisão de vários funcionários, incluindo membros de alto escalão da Sunacrip, o órgão regulador de criptografia.

Além disso, resultou no aumento da regulamentação das atividades mineiras no país, uma vez que outras moedas digitais, como o Bitcoin, serviram como uma salvaguarda muito procurada contra a inflação e a deflação do bolívar.

O que acontecerá com a Binance na Venezuela?

A influência da Binance na Venezuela vai além do mero comércio especulativo de criptomoedas. Muitas exchanges peer-to-peer no país contam com a Binance como um componente crucial, dada a severa desvalorização do Bolívar. Essa necessidade surge porque os moradores locais buscam acesso ao dólar americano, que encontram por meio de stablecoins e das principais criptomoedas. Ao longo dos anos, a Binance serviu como a principal plataforma para os venezuelanos realizarem tais transações.

Como tal, restringir o acesso pode ter consequências negativas significativas para os habitantes locais.

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2024-08-13 18:38