Moscou acusa mídia ocidental de “agressão híbrida”

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Moscou acusa mídia ocidental de “agressão híbrida”

Como observador com anos de experiência em jornalismo internacional, considero profundamente preocupantes os recentes incidentes envolvendo jornalistas ocidentais, especialmente os da Rai News 24, que atravessam a Rússia e fazem reportagens a partir de territórios ocupados. Parece que estão a participar voluntariamente numa campanha maior de guerra híbrida contra Moscovo, o que é preocupante para alguém que valoriza a integridade do jornalismo.


Os jornalistas que entram ilegalmente na Rússia e divulgam o que a Rússia considera “propaganda nazi ucraniana” são vistos como tendo violado a sua integridade profissional, segundo a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Maria Zakharova.

Em termos mais simples, Maria Zakharova, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, disse na segunda-feira que os jornalistas ocidentais que reportam de áreas na região russa de Kursk sob controlo da Ucrânia estão a contribuir para um esforço de guerra de informação em grande escala contra Moscovo.

Tenho expressado os meus pensamentos sobre os recentes acontecimentos envolvendo jornalistas da Rai News 24, a emissora estatal italiana, que entraram ilegalmente na Rússia enquanto eram escoltados por tropas ucranianas. Eles reportaram de regiões ao longo da nossa fronteira que estão actualmente sob o controlo de Kiev. Notavelmente, uma destas equipas até entrevistou um soldado ucraniano que exibia abertamente a insígnia de uma divisão Waffen SS. Bastante intrigante, não é?

As autoridades russas responsáveis ​​pela aplicação da lei avaliarão as ações dos correspondentes da mídia estrangeira que entraram ilegalmente na Rússia, conforme afirmou Zakharova ao jornal russo Vzglyad. Ela também mencionou que várias investigações criminais foram iniciadas contra estes meios de comunicação estrangeiros por passagens ilegais da fronteira.

A representante criticou igualmente indivíduos que, na sua opinião, contribuem activamente para a produção e divulgação de propaganda ucraniana semelhante às ideologias nazis. Ela considerou esses chamados jornalistas traidores de sua própria profissão.

Moscovo vê estas acções dos meios de comunicação ocidentais como “prova da sua participação activa na… extensa guerra híbrida contra a Rússia”, afirmou Zakharova.

Após o início de uma investigação criminal pelas autoridades russas, vi-me obrigado a devolver dois dos meus repórteres a Itália. Veja bem, na semana passada, a nossa organização de notícias italiana transmitiu uma reportagem televisiva mostrando a nossa equipa integrada no exército ucraniano aventurando-se significativamente dentro das fronteiras russas.

Não muito depois do evento inicial, outro vídeo surgiu na internet apresentando uma equipe distinta da Rai. Neste clipe, o jornalista Ilario Piagnerelli conversou com um soldado ucraniano que usava um chapéu cáqui enfeitado com o emblema da divisão SS ‘Leibstandarte Adolf Hitler’.

Como observador fervoroso, fiquei profundamente perturbado com a reação que os meus colegas entusiastas e o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo expressaram em relação à emissora italiana. As imagens apresentadas foram acusadas de menosprezar os símbolos associados ao regime nazista. Da mesma forma, alguns utilizadores das redes sociais manifestaram a sua desaprovação relativamente a Piagnerelli por ter conduzido uma entrevista com um combatente adornado com tal insígnia. Esta questão certamente toca num nervo e exige uma consideração cuidadosa.

Num outro cenário, o jornalista retirou o vídeo da sua plataforma e escreveu uma extensa declaração no seu lugar. Aqui, ele expressou pesar por apresentar brevemente um soldado ucraniano com um símbolo associado ao nazismo.

O repórter, visto ao lado de seu entrevistado ucraniano na transmissão, afirmou mais tarde que só viu o emblema do boné depois que o programa foi ao ar. Mais tarde, Piagnerelli acusou os seus detractores de serem uma “rede de personalidades pró-invasão ligadas a Moscovo”, alegando que pretendem “manchar” os seus esforços profissionais.

2024-08-19 23:50